domingo, 1 de abril de 2012

Mc 15, 1-39 - "Cristo obedeceu até à morte, por isso Deus O exaltou"

Ao caminharmos para o final da Quaresma, que se quer um tempo de reflexão, meditemos sobre o sofrimento de Jesus, na Sua morte como sinal de amor por cada um de nós, e ainda na Sua ressurreição.
Jesus fez uma loucura por nós ao se entregar à morte para nos salvar.
E nós? Que tipo de loucuras já fizemos por Jesus?

Segunda-feira
Naquele tempo,
os príncipes dos sacerdotes reuniram-se em conselho,
logo de manhã,
com os anciãos e os escribas, isto é, todo o Sinédrio.
Depois de terem manietado Jesus,
foram entregá-l’O a Pilatos.
Pilatos perguntou-Lhe:
R «Tu és o Rei dos judeus?».
N Jesus respondeu:
J «É como dizes».
N E os príncipes dos sacerdotes
faziam muitas acusações contra Ele.
Pilatos interrogou-O de novo:
R «Não respondes nada? Vê de quantas coisas Te acusam».
N Mas Jesus nada respondeu,
de modo que Pilatos estava admirado.

Jesus estava consciente dos planos de Deus para Si e sabia que nem valia a pena retaliar as acusações que Lhe eram feitas nem responder as perguntas que Lhe eram dirigidas, pois a vontade de Seu Pai seria cumprida até ao final.

Meditação:
Teria sido tão fácil para Jesus escapar a toda esta situação… bastava que fizesse o “espectáculo” que os sacerdotes e anciãos desejavam: uns milagres, umas curas, etc.
Mas Jesus sabia que teria que enfrentar a morte para salvar um mundo que estava (e está, ainda hoje) tão repleto de pecado. Por isso preferiu calar-se… fazer silêncio, o que deixou os seus opositores muito espantados.
Se seguíssemos o exemplo de Jesus – o silêncio – ao longo das nossas vidas, será que muitas vezes não evitaríamos tantos problemas que nos surgem?
Porque é que gostamos tanto de refilar, de responder, de ficar sempre “por cima” e não somos capazes de ficar em silêncio como Jesus fez?
É no silêncio que Deus se revela, é no silêncio que Deus nos transmite o que quer de nós.

Oração:
Jesus, como eu admiro a Tua coragem e a Tua sensatez. Conseguiste fazer silêncio quando todos esperavam que gritasses, conseguiste perdoar quando todos esperavam que condenasses…
Ajuda-me a ser como Tu e ensina-me a calar e a perdoar sempre que for necessário.

Acção:
Antes de dormir vou ficar sozinho(a), em profundo silêncio, lendo uma passagem da Bíblia à minha escolha… fecharei os olhos e, em paz, procurarei entender a mensagem que Jesus me quer transmitir.

Terça-feira
Pela festa da Páscoa,
Pilatos costumava soltar-lhes um preso à sua escolha.
Havia um, chamado Barrabás, preso com os insurrectos,
que numa revolta tinham cometido um assassínio.
A multidão, subindo,
começou a pedir o que era costume conceder-lhes.
Pilatos respondeu:
R «Quereis que vos solte o Rei dos judeus?».
N Ele sabia que os príncipes dos sacerdotes
O tinham entregado por inveja.
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes
incitaram a multidão
a pedir que lhes soltasse antes Barrabás.
Pilatos, tomando de novo a palavra, perguntou-lhes:
R «Então, que hei-de fazer d’Aquele
que chamais o Rei dos judeus?».
N Eles gritaram de novo:
R «Crucifica-O!».
N Pilatos insistiu:
R «Que mal fez Ele?».
N Mas eles gritaram ainda mais:
R «Crucifica-O!».

Meditação:
Pilatos, numa atitude de cobardia ou impotência, perguntou à multidão qual seria o preso que gostariam que ele soltasse. Toda a multidão, instigada pelos príncipes dos sacerdotes, pediu a libertação de Barrabás, um assassino cujo crime era por demais conhecido de todos.
E pediram a crucifixão de Jesus. Na dúvida, Pilatos ainda interrogou a multidão sobre a razão de tal castigo. E a razão era só uma: a má influência dos príncipes dos sacerdotes movidos pela inveja.

Oração:
Jesus, que sofrestes na Tua pele os efeitos da maldade do ser humano, que por pura inveja condenou a uma morte cruel um inocente, afasta de nós esse sentimento.
Faz-nos, Senhor, pessoas capazes de aceitar e admirar as qualidades dos que são melhores que nós.

Acção:
É Semana Santa. É tempo de arrependimento e de perdão.
Vou viver esta semana  admirando o meu irmão e ajudando-o, se tal for necessário.


Quarta-feira 
N Então Pilatos, querendo contentar a multidão,
soltou-lhes Barrabás
e, depois de ter mandado açoitar Jesus,
entregou-O para ser crucificado.
Os soldados levaram-n’O para dentro do palácio,
que era o pretório,
e convocaram toda a coorte.
Revestiram-n’O com um manto de púrpura
e puseram-Lhe na cabeça uma coroa de espinhos
que haviam tecido.
Depois começaram a saudá-l’O:
R «Salve, Rei dos judeus!».
N Batiam-Lhe na cabeça com uma cana, cuspiam-Lhe
e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante d’Ele.
Depois de O terem escarnecido,
tiraram-Lhe o manto de púrpura
e vestiram-Lhe as suas roupas.
Em seguida levaram-n’O dali para O crucificarem.
N Requisitaram, para Lhe levar a cruz,
um homem que passava, vindo do campo,
Simão de Cirene, pai de Alexandre e Rufo.

Meditação:
Jesus foi revestido com um manto púrpura, o manto e a sua cor transportam simbologia. O manto serve para esconder, disfarçar mas também é símbolo de força. A cor púrpura é definida como uma cor vermelha-escura, a cor vermelha, é a cor dos mártires, das pessoas que sofrem tormentos.
Jesus usou uma coroa de espinhos, sentiu as pancadas dadas com uma cana na sua cabeça, foi cuspido, fizeram troça de Si e depois de tudo isto, foi crucificado numa cruz. Que sofrimento que o Senhor passou, quer a nível físico, quer a nível psicológico, sendo um sofrimento impossível de avaliar!... Nós todos podemos falar de sofrimentos que já experienciamos (dor física e/ou dor moral) e que com toda a certeza, não se assemelham ao sofrimento de Jesus! 

Oração:
Os tormentos que Deus passou, ninguém os queira passar, louvo-Te Senhor por toda a Tua força, Tu és um exemplo para mim.

Acção:
Pedir perdão ao Senhor por aquela vez que fui como Pilatos e causei sofrimento a alguém, através dos meus pensamentos, palavras, actos ou omissões.


Quinta-feira
E levaram Jesus ao lugar do Gólgota,
quer dizer, lugar do Calvário.
Queriam dar-Lhe vinho misturado com mirra,
mas Ele não o quis beber.
Depois crucificaram-n’O.
E repartiram entre si as suas vestes,
tirando-as à sorte, para verem o que levaria cada um.
Eram nove horas da manhã quando O crucificaram.
O letreiro que indicava a causa da condenação
tinha escrito: «Rei dos Judeus».
Crucificaram com Ele dois salteadores,
um à direita e outro à esquerda.

Calvário (que em aramaico se diz Gólgota) é um termo que significa “caveira”, podendo ser uma colina que contém uma pilha de crânios ou um declive geográfico em forma de crânio. Só desta leitura já podemos depreender que era considerado um local feio onde só poderiam acontecer coisas más.
Pois foi precisamente para este local que a maldade humana, presente nos homens daquela época, levaram o Filho de Deus, que tudo fez para nos salvar.

Meditação:
Quanta maldade presente nos gestos daquela gente! Alguns saberiam que Jesus era realmente o Salvador, alguns acreditariam, talvez, que estavam a condenar e crucificar um homem inocente… mas não se queriam deixar ficar para trás. O ser humano é “de ondas”, vai para onde os outros vão, gosta do que os outros gostam, e aqui deveria ser esse o caso. Mesmo que alguns dos soldados e algozes achassem que Jesus não deveria morrer, não quiseram ficar mal vistos perante os restantes, e juntaram-se ao “festim de maldade”, repartindo as vestes de Jesus como troféus entre si.
Com certeza que alguns destes homens, no fundo do seu coração, achavam que Jesus não merecia aquele final, mas não quiseram contrariar os restantes.
Estes homens cruéis somos todos nós… por vezes vemos que as situações onde estamos envolvidos não são as mais correctas e as mais dignas, mas preferimos calarmo-nos e deixarmo-nos levar “na onda”, para não ficarmos mal vistos perante o resto das pessoas.
Quantos irmãos não teremos nós “crucificado” com estas nossas atitudes mesquinhas?

Oração:
Senhor Nosso Deus, por todas as vezes em que me deixei levar “por modas” e prejudiquei alguém, peço-Te perdão.
Por todas as vezes em que senti uma coisa com o coração, mas fiz outra através das minhas atitudes, peço-Te perdão.
Ajuda-me, para que ao longo desta Semana Santa, consiga interiorizar profundamente a Tua Palavra.

Acção:
Hoje, durante a eucaristia, na altura do lava-pés, vou rezar a Deus pedindo que a água derramada possa purificar a minha vida, lavar a minha mente de pensamentos impuros e abrir o meu coração.

Sexta-feira
Os que passavam insultavam-n’O
e abanavam a cabeça, dizendo:
R «Tu que destruías o templo e o reedificavas em três dias,
salva-Te a Ti mesmo e desce da cruz».
N Os príncipes dos sacerdotes e os escribas
troçavam uns com os outros, dizendo:
R «Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo!
Esse Messias, o Rei de Israel, desça agora da cruz,
para nós vermos e acreditarmos».
N Até os que estavam crucificados com Ele O injuriavam.

Meditação:
A maioria das personagens aqui citadas mostram mesquinhez, grande  crueldade, indiferença perante tão grande sofrimento. Quantos de nós somos também influenciados no mau sentido?
Quantas vezes já condenámos um vizinho, um colega, qualquer pessoa, por influência de estranhos, sem termos primeiro analisado os factos?
Quantas vezes, até com um simples olhar, somos  cruéis?
E tudo o que fazemos estamos a fazê-lo a Jesus, que deu a Sua vida para que nos modificássemos.

Oração:
Perdoa-nos Senhor pelos nossos defeitos.
Perdoa-nos quando julgamos.
Dá-nos, Senhor, um coração onde só caiba o amor.

Acção:
É a última semana da Quaresma. Vou reforçar a minha renúncia quaresmal e lembrar a cada minuto os que precisam da minha oração.

Sábado 
Quando chegou o meio-dia,
as trevas envolveram toda a terra
até às três horas da tarde.
E às três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte:
J «Eloí, Eloí, lemá sabactáni?».
N Que quer dizer:
«Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?».
Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram:
R «Está a chamar por Elias».
N Alguém correu a embeber uma esponja em vinagre
e, pondo-a na ponta duma cana,
deu-Lhe a beber e disse:
R «Deixa ver se Elias vem tirá-l’O dali».
N Então Jesus, soltando um grande brado, expirou.
O véu do templo rasgou-se em duas partes de alto a baixo.
O centurião que estava em frente de Jesus,
ao vê-l’O expirar daquela maneira, exclamou:
R «Na verdade, este homem era Filho de Deus».

Meditação:
Como sabemos o número 3 tem a simbologia da totalidade, como diz o povo: 3, é o número que Deus fez! É às 3 horas da tarde que Jesus coloca a questão: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?» Quantas vezes já coloquei esta questão na minha vida?! Quem é Deus para mim?

Oração:
Agradeço-te Senhor por nunca me abandonares.

Acção:
Nesta Semana Santa sou tocado (a) pela força dos acontecimentos da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Que o Senhor me acompanhe a viver esta Páscoa num clima de fé.